Acumular lixo só ajuda a formar foco de proliferação do mosquito; foliões podem adotar atitudes positivas para mudar esse quadro
por Portal Brasil
publicado:
07/02/2016 11h54
última modificação:
12/02/2016 15h58
No ano passado, em quatro dias de festa, apenas a Companhia Municipal
de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) recolheu 1.129,84
toneladas de lixo das ruas da cidade. De acordo com a empresa, os blocos
foram responsáveis pela maior parte dos resíduos descartados: 639,54
toneladas contra as 465,79 toneladas produzidas pela festa na Marquês de
Sapucaí. Os números de Brasília (DF) acompanham a proporção da folia
brasiliense. Em 2015, o Serviço de Limpeza Urbana no Distrito Federal
(SLU/DF) recolheu 110 toneladas de resíduos após a folia na cidade,
quando 44
mil sacos de lixo foram usados na coleta.
Mas no quesito “lixo pós-Carnaval”, Salvador (BA) é a campeã. Em 2015, a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (
Limpurb)
recolheu quase duas mil toneladas de lixo durante a festa. Só para o
serviço de higienização das ruas de Salvador, no primeiro dia de
Carnaval foram utilizados 250 mil litros de água e consumidos cerca de
520 mil litros de sabão. No ano passado, o projeto “Fundo da Folia”,
criado em 1994 por um grupo de mergulhadores, recolheu 706 kg de lixo da
praia da Barra, em Salvador, lixo que sobrou do carnaval e foi parar no
fundo do mar. Em 2010, a ONG internacional Global Garbage postou fotos
chocantes do fundo do mar de Salvador, 10 dias depois do carnaval: mais
de 1,5 mil latinhas e garrafas, além de pedaços de abadás e outros
objetos plásticos, foram encontrados por mergulhadores.
Dados das empresas de limpeza que atuam nas cidades brasileiras
mostram que vem sendo registrado um aumento de cerca de 40%, a cada
ano, na quantidade de lixo recolhido após a folia. O mês de carnaval
chega a ter 10% de lixo a mais produzido que a média dos outros 11 meses
do ano no Rio de Janeiro, por exemplo (dados da Comlurb).
A sujeira que o carnaval deixa nas cidades é um dos maiores problemas
do pós-feriado: latas de alumínio, garrafas de vidro, copos plásticos e
panfletos de divulgação são facilmente encontrados nas ruas, entupindo
bueiros e aumentando o risco de enchentes.
Segundo o Instituto
Akatu, o aumento do lixo gera impactos na coleta (que fica
sobrecarregada) e no armazenamento nos aterros. Mas a folia pode ter
menos lixo nas ruas, uso de embalagens retornáveis e menos desperdício
de comida e de bebida. Cada cidadão tem sua parcela de responsabilidade
com os resíduos que deixa para trás durante o carnaval.
Dicas
As principais orientações para quem vai curtir a folia nas ruas são:
jogar embalagens e outros resíduos nas lixeiras mais próximas; além de
produzir menos lixo, evitando o uso de material descartável. Vale levar
seu próprio copo ou sua própria sacolinha de lixo.
Para um carnaval mais sustentável, vale também reaproveitar aquilo
que iria para o lixo, utilizando material reciclável para a criação de
fantasias, adereços e máscaras; reutilizar fantasias de carnavais
passados; e gastar menos combustível, utilizando o transporte público ou
carona de amigos para chegar aos pontos da festa.
Para a diretora de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente
(SRHU/MMA), Zilda Veloso, as pessoas não podem se esquecer, mesmo em um
momento de alegria, da conscientização ambiental. “O próprio cidadão
pode fazer a sua parte. Não custa nada ficar com uma latinha ou um copo
na mão até encontrar uma lixeira. É preciso exercitar a educação”,
alerta Zilda.
Brasília Limpa
Além das ações de cada folião, algumas cidades têm inovado para
estimular menos lixo após a folia. No carnaval deste ano, em Brasília,
os blocos de rua que mais se empenharem em manter os locais de festa
livres de resíduos depois do evento receberão certificados do SLU. A
campanha “Bloco Brasília Limpa”, lançada pelo governo do Distrito
Federal em 2014, busca valorizar o esforço dos foliões no recolhimento
do lixo produzido. Os foliões devem postar fotos no Instagram, com a
hashtag #BSBLIMPA, seguida do nome do bloco.
Para participar da campanha, os organizadores dos blocos precisam
optar pela autogestão dos resíduos (quando se responsabilizam pela
limpeza e dispensam o trabalho da autarquia) ou respeitar o prazo mínimo
de cinco dias úteis de antecedência para solicitar os serviços. Outros
requisitos são divulgar mensagens educativas sobre o descarte apropriado
e colocar lixeiras à disposição dos participantes.
"Lixo Zero"
No Rio de Janeiro, os foliões que vão brincar o carnaval de rua
deverão ter mais cuidado com os pequenos resíduos irregularmente
descartados. O Programa Lixo Zero, implantado no Rio, vai fiscalizar os
maiores e mais importantes blocos da cidade. Caso o folião seja pego em
flagrante jogando lixo nas ruas, será passível de multa no valor de
R$185,00. Se for pego urinando em via pública pelas equipes de
fiscalização, o valor da multa é de R$ 510,00.
Folia Sustentável
Com o intuito de aproximar o carnaval de Salvador à sustentabilidade,
a prefeitura da cidade lançou, desde 2014, a campanha “Eu promovo o
carnaval sustentável”. A cada ação sustentável a ser praticada pelos
blocos, trios, camarotes, haverá uma pontuação pré-determinada. Essas
ações serão contabilizadas e, a partir da pontuação alcançada, a
organização será ouro, prata ou bronze. Entre as ações utilizadas dentro
dos camarotes que se destacaram em 2015 estão a separação de resíduos
que são destinados às cooperativas, a coleta do óleo de cozinha e a
oferta de alimentos orgânicos nos buffets.
Com o objetivo de apoiar os catadores de material reciclável durante a
folia na capital baiana, a Incubadora de Empreendimentos Solidários
(Incuba) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em parceria com o
Complexo Cooperativo de Reciclagem da Bahia (CCRB), realizará este ano o
projeto “Ecofolia solidária: o trabalho decente preserva o meio
ambiente”.
A iniciativa prevê a redução dos impactos ambientais causados pelo
descarte inadequado dos resíduos sólidos gerados durante a festa, além
da melhoria das condições de trabalho dos catadores avulsos e cooperados
e o combate ao trabalho infantil. O projeto vai beneficiar diretamente
2,8 mil catadores avulsos e cooperados. Indiretamente, a iniciativa deve
gerar renda para 12 mil trabalhadores. A meta do projeto para este ano é
retirar do meio ambiente 50 toneladas de material descartável.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério do Meio Ambiente